Antonio Francisco Ramos
As novas tecnologias da informação e da comunicação democratizou o acesso à informação aos indivíduos conectados à internet ou tem contribuído para a reprodução de uma falsa consciência acerca dos fatos da vida social da política no Brasil atual? A pauta das manifestações emergentes no país, que teria com bandeira principal a corrupção, parece ter ganhado uma nova modelagem diferente pelos meios de comunicação de massa. Afinal o que é mesmo corrupção? Quem são seus autores? É um fato individual ou coletivo? Infelizmente é um fato social patológico que deve ser duramente combatido em todas esferas da vida em sociedade.
Este fato social transita da vida privada ao espaço público sem cerimônia e se consubstancia no velho “jeitinho”, por meio de apelo às regras do jogo (instituições formais) ou da lei da amizade (instituições informais) nas micro e macro relações de poder. Não há de negar que parcela significativa da população brasileira aciona esse dispositivo sempre que deseja obter vantagens para a satisfação de necessidades individuais ou de grupos e exaurir a prerrogativa do uso do poder na esfera das relações cotidianas ou das massas. São exemplos, a compra e venda de votos, alguém que usa o filho pequeno de outras pessoas para entrar na ponta de uma fila, ou mesmo os pais que pedem ao filho ou filha que diga ao cobrador que ele não está em casa.
Nesse contexto, os meios de comunicações de massa, enquanto um agente de socialização secundária, têm um papel importante na formação de opiniões e indução de comportamentos que extrapola a cena do ambiente familiar. Entretanto, cabe pensar: os meios de comunicação é uma concessão pública ou propriedade privada que representas as elites? Estão a serviço de quem? Os meios de comunicação de massa, a exemplo da caverna moderna (Tv), reproduzem a ideologia das classes dominantes, que se quer hegemônica ao tentar sufocar outras ideologias que as conflitam.
Nem mesmo as novas tecnologias da informação e da comunicação tem garantido a liberdade de pensar e construir conhecimento, na medida que tem servido como instrumento de reprodução das informações dos meios de comunicação de massa e mobilização em tempo real daqueles que tem respirado o ar rarefeito e pré-fabricado, envolvidos de uma paixão sem razão. Esse ambiente dificulta a oxigenação do pensamento e da percepção da realidade com nitidez, visto que a luz que se lança sobre a realidade é a da dos meios de comunicação que pertencem aos grupos dominante e opressores no Brasil. Afinal, que “brasis” está em jogo? Que opções estão sendo postas para a população? Qual o preço de tudo isso para a democracia, governabilidade e cidadania dos brasileiros?
O país não pode parar pela vontade daqueles que não obtiveram êxito no processo eleitoral ou possuem uma criança ferida ou ego insatisfeito no seu interior. Afinal, qual o papel e importância do voto do eleitor? O resultado da última eleição não reflete o desejo da maioria? Não podemos esquecer que a construção do consenso no processo decisório, em regimes democráticos, a regra do consenso não é unanimidade, mas sim a maioria.
A opinião veiculada nos meios de comunicação de massa representa a maioria da população brasileira? Indícios podem ser tomados como provas e condenação? O que se quer com tudo isso? Já parou para pensar? O que vemos são movimentos sociais autênticos ou apenas manifestações que refletem as sombras de objetos cuja luz da moderna caverna representa interesses de determinadas elites brasileiras? Precisamos pensar com nossa própria cabeça e vontade, em detrimento de nos tornarmos massa de manobra, alvo de uma campanha política que não terminou, que troca a pauta da corrupção pelo personalismo e partidarismo, deixando o interesse público subsumido na cortina de fumaça, ou seja, em uma crise fabricada.